segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MEMORIAL DOS CURSISTA LUIS R LIBERATO GESTAR II

Memorial

Aos 24 dias do mês de maio do ano que nem vou falar, pois é deselegante falar de idade, nascia o lindo! Assim chamado por todos da família. Era lindinho pra lá, lindo pra cá e assim foi crescendo o lindinho. Seu nome de batismo é Luiz Roberto Liberato, mas até hoje, ainda tem aqueles que o chamam de lindo, os da família.
Com sete anos de idade o lindo, que na escola as professoras já o apelidaram de meu toquinho, iniciou seus estudos. Em uma escola conceituada, municipal, mas conceituada.
Tudo era novidade, naquele lugar. No segundo dia de aula, fiz minha irmã passar vergonha. Tocou uma sineta e todos saiam da sala, devagar e em fila. Eu já todo aloprado, corri em direção da minha irmã para mostrar que um amiguinho me dera, um pedaço de bolo. Olhe de um lado, olhe pro outro e vi que ela entrou em uma porta. Não entendi, pois quase todas as meninas do ginásio, iam para aquela salinha e se encostavam à parede. Entrei correndo naquele lugar comendo o bolo e disse: - olha o que eu ganhei! As outras meninas grandes me olharam assustadas e disseram que isso ali era banheiro de meninas e eu não podia entrar ali. Minha irmã ficou toda sem jeito. Sai de fininho.
A primeira semana se passou e recebemos o nosso tão esperado livro didático; O Barquinho Amarelo. Tive de fazer muitas cópias daquele que tanto esperei, pois cada vez que não se fazia as tarefas, ficava de castigo no recreio fazendo cópia. Sofri com esse livro.
Os anos foram se passando e já estava na quarta série quando indignado daquela professora sempre riscar meu caderno quando eu escrevia “Exercicios” , e não colocava o acento. Bravo e com medo, disse a ela com um tom de voz mais agressiva que de costume: por que tenho que colocar esse rico na palavra “Exercicios” toda vez. E ela me respondeu com a maior calma:
- Porque a palavra exercícios tem acento, e você nunca coloca o acento. Então lhe perguntei o motivo que na palavra exercícios ia acento, e ela me respondeu: - Porque está escrito no meu livro com acento e você tem que fazer igual está no meu livro que é do professor. Engoli aquilo a seco sem entender e comecei a colocar o dito acento. Mais dois anos se passaram e desisti de estudar, lógico que eu ainda estava cursando a quinta série do ginásio. Um menino que nos dois primeiros anos era o xodó dos professores foi se tornando um tormento nos anos seguintes. Eu era o capeta em forma de gente.
Com treze anos de idade iniciei no mercado de trabalho e pare com os estudos. Anos mais tarde ao dar baixa no serviço militar resolvi fazer um supletivo no tal de “NEMO”, onde se estudava em casa e só ia até a escola fazer provas. Não era fácil, pois a nota mínima era oito para passar, e tinha que fazer no mínimo uma prova por semana. Não quero me gabar, mas eu chegue a fazer até três provas em um dia. Com esta vontade toda que eu estava de terminar os estudos, encurtei o prazo que era de um ano e meio para terminar de quinta a oitava série e fiz em apenas onze meses. Claro que não é o mesmo que estudar no ensino regular. Tem suas defasagens. Após alguns anos resolvi fazer o segundo grau, agora já trabalhava em uma empresa que pagava um bom salário, então fui estudar no colégio Universitário. Uma escola particular de auto nível. Aprendi muito ali. Terminei os estudos, pensei comigo mesmo. Na verdade era medo de fazer vestibular e não passar, pois o meu ginásio foi feito por módulo, se bem que no Universitário eu fui um dos melhores alunos. Cinco anos se passaram e resolvi encarar o vestibular. Com o apoio de uma professora do Universitário que sempre disse que eu era muito bom em Língua portuguesa. Fiz a inscrição tal vestibular. Que arrependimento, pensei comigo, pois o governo havia obrigado os professores com faculdade curta a fazer complementação para permanecer em sala, sem falar que tinha professor com mais de dez anos de sala e não tinham faculdade. E agora, vou disputar uma vaga com pessoas que já estão no ramo, não vou ter nem chance, são apenas cinqüenta vagas. Contei quantos havia para concorrer. Desanimei ao saber. Segundo a Diretora de Ensino da “FURB”, nunca teve tantos candidatos por vagas neste curso. Mas já tinha gasto o dinheiro com a inscrição, fiz, e para minha surpresa fiquei entre os dez primeiros.
Entrei na faculdade, me formei, fiz uma pós e hoje estou aqui para relatar um pouco da minha história. Uma história que apesar de tudo o que passei, as dificuldades que me impuseram, os obstáculos que tive pelo caminho. Nada disso me fez desistir, ou deixar de acreditar. Hoje sou um professor que nas unidades onde passei afirmo que deixei minha marca e ficarei gravado como um professor educador.

Luiz Roberto Liberato
Gaspar (SC), 12 de setembro de 2009.

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